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2012 - Livro Vermelho 2013

Dichanthelium aequivaginatum (Swallen) Zuloaga NT

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 10-10-2014

Criterio: N/A

Avaliador: Rodrigo Amaro

Revisor: Luiz Santos

Analista(s) de Dados: Roberta Hering

Analista(s) SIG: Marcelo, Thiago

Especialista(s):


Justificativa

Erva anual de ocorrência em Cerrado e Mata Atlântica, onde é encontrada em Dunas, Restingas e Campos Rupestres (Oliveira et al. 2009; Viana & Rodrigues 2013). Endêmica do Brasil, ocorre na região Nordeste do país, ao longo do litoral do estado da Bahia, desde o município de Porto Seguro até Salvador (Viana & Rodrigues; CNCFlora, 2013), além de ocorrer também na região da Chapada Diamantina, onde foi coletada no interior do Parque Nacional (CNCFlora, 2013). Existe uma coleta pontual realizada no município de Iguatu, no estado do Ceará (CNCFlora, 2013). Apesar de estar sujeita a menos de 10 situações de ameaça, e ocorrer em regiões com fortes pressões antrópicas, a espécie possui EOO maior que 150.000 km². São necessários maiores estudos sobre a distribuição da espécie ao longo de sua EOO além do monitoramento das ameaças incidentes, para evitar que a espécie seja categorizada como ameaçada em um futuro próximo.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Dichanthelium aequivaginatum (Swallen) Zuloaga;

Família: Poaceae

Sinônimos:

  • > Panicum belmonte ;
  • > Panicum aequivaginatum ;
  • > Panicum thinophilum ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita em Amer. J. Bot. 90(5): 816 (2003). (IK). Panicum appressifolium Swallen (1957) também é sinonímia de D. aequivaginatum (Zuloaga et al. 2003). Além de apresentar lâmina foliares glabras e gluma inferior 3-nervada (vs. lâminas pilosas e gluma inferior 3-nervada) ainda diferencia-se de D. sciurotoides pelas inflorescências sem ramos emaranhados (Pimenta et al., 2012).

Distribuição

De acordo com Viana e Rodrigues (2013), a espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Nordeste, nos municípios de Lençóis, Palmeiras, Barrolândia, Igrapiúna e Salvador (BA) e em Iguatu (CE); no Sudeste (Rio de Janeiro) e Sul (Paraná). Entretanto, de acordo com Zuloaga et al. (2003) a espécie não é endêmica do Brasil, ocorrendo também na Guiana e Venezuela. Ocorre em altitudes de 640 m a 1.200 m (A.M. Giulietti 877; S.A. Mori 13309).

Ecologia

Erva anual (Oliveira et al., 2009; Viana & Rodrigues, 2013), com cerca de 30 cm de altura, ascendente, com inflorescências paniculadas, moderadamente ramificadas, e espiguetas ovadas (Oliveira et al., 2009). Ocorre nos domínios Cerrado e Mata Atlântica (Salariato et al, 2011; Viana & Rodrigues, 2013), em Dunas e Restinga (F.O. Zuloaga et al. 2469; T. Plowman et al. 10045; Oliveira et al., 2009) e em Campos Rupestres (Viana & Rodrigues, 2013). Também, há um registro da espécie como macrófita aquática, ocorrendo em ambiente lêntico na Caatinga ( L.R.O. Normando et al. 449). Ainda, a espécie foi encontrada ao longo de trilhas (Pimenta et al., 2012) e estradas (S.A. Mori 13309).

Reprodução

Espécie fértil em outubro (Oliveira et al., 2009). Também, na Reserva Ecológica da Micheli foi encontrada fértil apenas no mês de julho (BA) (Pimenta et al., 2012).

Ameaças

2.1 Annual & perennial non-timber crops
Incidência regional
Severidade very high
Detalhes O município de Palmeiras apresenta uma topografia muito acidentada, devido a devastação do solo e do subsolo em decorrência do uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos (PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMEIRAS, 2013). Belmonte, onde se localiza o distrito de Barrolândia, juntamente com Canavieiras, foram os primeiros municípios da Bahia a desenvolverem cultura de cacau (França Filho, 2003). Pode-se identificar os impactos da cultura do cacau em três momentos: 1) até 1960, quando as atividades cacaueiras eram desenvolvidas com a mata derrubada, com algumas árvores de maior porte sendo preservadas plantio de árvores frutíferas e bananeiras para o sombreamento; 2) a partir da COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACACAUEIRA (CEPLAC), quando foi incrementada a prática da cabruca ou brocada, conservando a maior parte da mata, e 3) após a vassoura-de-bruxa, quando muitas áreas, consideradas de segunda e de terceira categoria, foram utilizadas para a introdução de novas culturas ou transformadas em pastagens para a pecuária (França Filho, 2003). Tudo isto aliado à abertura de estradas litorâneas, incrementou a indústria madeireira e também contribuiu consideravelmente para a destruição de boa parte das reservas de matas que ainda restavam (França Filho, 2003). Desde o séc. XVI, na região de Salvador, a cana-de-açúcar contribuiu para devastação da Mata Atlântica, e a agroindústria canavieira é, ainda, a atividade agrícola preponderante (SEPLAN-BA, 1993). Também no litoral, Igrapiúna faz parte da Costa do Dendê, onde se destaca a policultura comercial do cravo, dendê, cacau, banana e seringa, atividades que vem reduzindo a cobertura vegetal (Batista et al., 2013). O município de Igatu, no estado do Ceará, se desenvolveu a partir da produção de algodão e atualmente produz banana, feijão, milho e arroz (PREFEITURA MUNICIPAL DE IGATU, 2013)

1.3 Tourism & recreation areas
Incidência regional
Severidade very high
Detalhes O turismo é a principal atividade econômica na região da Chapada Diamantina, nos municípios de Mucugê, Lençois e Palmeiras ((MMA/ICMBio, 2007). A visitação no Parque Nacional da Chapada Diamantina tem sido uma atividade conflitante que requer muitos esforços para o seu controle e manejo (MMA/ICMBio, 2007). As áreas de dunas e restinga aberta em municípios litorâneos como Salvador, Belmonte e Canavieiras, estão sujeitos a impactos gerados pelo turismo e especulação imobiliária responsáveis pela degradação e destruição de áreas naturalmente sensíveis da região costeira (GI-GERCO, 2005)

2.2 Wood & pulp plantations
Incidência regional
Severidade high
Detalhes A supressão da floresta na Região Sul do estado da Bahia, nos municípios de Belmonte e Canavieirias foi mais significativas a partir do século XX, com a instalação de novas formas de utilização da terra, tais como a exploração madeireira e projetos de maciços florestais de eucaliptos (Nascimento & Dominguez, 2010).

2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded
Incidência regional
Severidade high
Detalhes O uso do pasto nativo é prática muito comum entre os pecuaristas na região da Chapada Diamantina (MMA/ICMBio, 2007). Na região de Belmonte e Canavieiras, a supressão da floresta torna-se mais significativas no século XX, com a instalação de novas formas de utilização da terra como a expansão da pecuária (Nascimento & Dominguez, 2010).

3.2 Mining & quarrying
Incidência regional
Severidade very high
Detalhes O garimpo de diamantes, foi uma prática econômica que deixou vestígios e impactos ambientais negativos de grande visibilidade na área da Chapada Diamantina (MMA/ICMbio, 2007), sendo que os municípios de Lençóis e Palmeiras se estruturaram a partir do desenvolvimento da exploração de diamantes (Santos, 2006). Há informações sobre o aumento contínuo da atividade na área do Parque Nacional da Chapada Diamantina, inclusive com a utilização de maquinário (MMA/ICMbio, 2007). Além disso, na região da Chapada, um evento mais recente é o garimpo de cristais de quartzo, vendidos localmente, inclusive para turistas, com conseqüências semelhantes aos do diamante (MMA/ICMBio, 2007).

4.1 Roads & railroads
Incidência local
Severidade high
Detalhes Estradas vicinais não pavimentadas e uma rodovia estadual asfaltada (a BR-242) foram retratadas no zoneamento do Parque Nacional da Chapada Diamantina constituindo a Zona de Uso Conflitante (MMA/ICMBio, 2007). O trânsito de veículos, são fonte de emissão de gases poluentes e metais pesados, de atropelamento da fauna nativa e servem como barreira para o fluxo de algumas espécies da biota (MMA/ICMBio, 2007). Existem quatro registros dessa espécies em estradas, sendo três desses registros encontrados na BR-242 (CNCFlora, 2013).

7.1.1 Increase in fire frequency/intensity
Incidência regional
Severidade very high
Detalhes Queimadas são freqüentes na Chapada Diamantina (Tanan & Chaves, 2012). Os incêndios na região são predominantemente de origem antrópica, com motivações variadas: o uso do fogo está ligado a quase todas as atividades tradicionais da região, econômicas ou não, inclusive no interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) (MMA/ICMBio, 2007). Nos Campos Rupestres da Chapada, há aumento da frequência de fogo relacionado ao manejo para coleta de sempre-vivas, uma vez que os coletores acreditam que os incêndios criam melhores condições para que os "novos indivíduos" sejam mais vigorosos no próximo ano (MMA/ICMBio, 2007).

Usos

Referências

- CNCFlora. 2013. Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <www.cncflora.jbrj.gov.,br>. Acesso em 21 agosto 2013.

- VIANA, P.L.; RODRIGUES, R.S. 2013. Dichanthelium in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB13158). Acesso em 21 agosto 2013.

- OLIVEIRA, R.P.; LONGHI-WAGNER, H.M.; FILGUEIRAS, T. S. et al. Poaceae. In :Plantas raras do Brasil / organizadores, Giulietti, A.M.; Rapini, A.; Andrade, M.J.G. et al – Belo Horizonte, MG : Conservação Internacional. 496 p. : il., fots. color., mapas; 26 cm. Co-editora: Universidade Estadual de Feira de Santana. ISBN: 978-85-98830-12-4. 2009

Como citar

CNCFlora. Dichanthelium aequivaginatum in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dichanthelium aequivaginatum>. Acesso em .


Última edição por Lucas Moulton em 01/12/2014 - 17:59:47